A Batida que Silencia a Razão: Um Alerta sobre a Percussão no Culto

Introdução

Prezados irmãos e irmãs, amigos a paz do Senhor!

A profecia de que "haverá gritos com tambores, música e dança" e que "os sentidos dos seres racionais ficarão tão confundidos que não se pode confiar neles quanto a decisões retas" nos convida a uma profunda reflexão. O que faz com que a música, especialmente aquela com uma percussão proeminente, tenha um poder tão grande para influenciar a mente e a alma humana? A resposta não está apenas na teologia, mas também na fisiologia do nosso próprio corpo, o templo do Espírito Santo.

O assunto da música é delicado e exige de nós um estudo cuidadoso e com oração, utilizando a Bíblia, o Espírito de Profecia, o Manual da Igreja e os periódicos. Nosso objetivo não é julgar as pessoas ou seus motivos, mas sim examinar a música à luz das Escrituras. A doutrina da Igreja Adventista do Sétimo Dia é bíblica, pura e perfeita. O problema, muitas vezes, não está na doutrina, mas nas pessoas, nos nossos desejos, gostos e preferências.

Devemos estudar este tema porque a música não é neutra. Ela tem o poder de mudar sentimentos, pensamentos e, acima de tudo, moldar o nosso caráter. Conforme o apóstolo Paulo nos exorta: “Rogos-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus… que é o vosso culto racional.” (Romanos 12:1). É também o que nos lembra o salmista: “Cantai louvores com inteligência.” (Salmos 47:6 e 7).

O Poder da Música: Influência nos Pensamentos, Sentimentos e Caráter

“Os pensamentos e sentimentos reunidos compõem o caráter moral” — Review and Herald, 21 de abril de 1885. A música que ouvimos em casa molda nosso caráter, e a música que usamos na igreja molda o caráter de seus membros. A música tem o poder de formar, enobrecer ou degradar o caráter, de fazer pessoas melhores ou piores do que são. Não à toa, um famoso adágio diz: "Deixe-me fazer as músicas de uma nação e não me importa quem faz as leis." A música tem poder para influenciar nossas decisões, comportamentos e sentimentos.

Como sabemos, o inimigo é especialista nessa área. O mundo jaz do maligno, e ele deseja destruir o povo de Deus. Usaria ele a música nesse conflito? A resposta é sim. “Satanás fará da música um laço pela maneira por que é dirigida.” (Mensagens Escolhidas, vol. 2, p.38).

Elementos da Música com Ênfase no Ritmo e na Batida

A música é a combinação de três elementos principais: melodia, harmonia e ritmo.

  • Melodia: É a linha principal da música, a sequência de notas que geralmente cantamos.

  • Harmonia: É a combinação de diferentes notas tocadas simultaneamente, formando acordes.

  • Ritmo: É a organização dos sons e silêncios, a pulsação que dá movimento à música.

Dentro do ritmo, a batida é a unidade básica, a pulsação regular que organiza a música. É a "espinha dorsal" de qualquer composição. A síncope acontece quando o acento musical é deslocado para uma batida fraca, criando um efeito de desequilíbrio que dá mais movimento e fluidez. É para o Egito que os historiadores traçam a origem da música com batida sincopada, usada na indução de transes. A polirritmia, por sua vez, é a combinação de dois ou mais padrões rítmicos diferentes tocados ao mesmo tempo, fazendo o cérebro trabalhar dobrado.

O Impacto da Música no Corpo, na Mente e na Vida Espiritual

A batida de uma música não é apenas percebida; ela é processada por várias áreas do cérebro, incluindo as regiões motoras e emocionais. O ritmo da música tem a capacidade de influenciar os ritmos do corpo, em um fenômeno chamado entrainment. Músicas com andamentos rápidos tendem a aumentar nossa frequência cardíaca e respiratória, enquanto as lentas induzem o relaxamento.

1. No Corpo: O Impacto Fisiológico e Químico

A música, especialmente a batida, atua como um catalisador para a liberação de substâncias poderosas em nosso organismo.

  • Liberação de Neurotransmissores: A música que nos agrada ativa o sistema de recompensa do cérebro, liberando a dopamina, que nos dá uma sensação de prazer e bem-estar. As endorfinas, os "analgésicos naturais" do corpo, são liberadas em resposta a músicas empolgantes, resultando em euforia. A adrenalina, o hormônio da "luta ou fuga", pode ser liberada por músicas com batidas intensas e andamentos rápidos.

  • Conexão Ritmo-Coração-Cérebro: O ritmo repetitivo armazena energia nos músculos, fazendo-os se contrair e relaxar ritmicamente, o que produz movimentos físicos. Um ritmo percussivo agudo pode até mesmo causar espasmos.

2. Na Mente: O Impacto Cognitivo

O padrão repetitivo da percussão pode induzir estados de transe ou reduzir a capacidade de raciocínio lógico. Ritmos repetitivos podem interferir no raciocínio. A percussão é o "som por excelência do transe". A ativação sistemática do "trio do prazer" (dopamina, serotonina e endorfinas) tem um impacto direto na tomada de decisões, pois a adrenalina inibe a razão. Quando agimos por impulso, estamos sob o efeito da adrenalina. “Níveis aumentados de adrenalina inibem as funções do córtex pré-frontal.” 

3. Na Vida Espiritual: Como o Culto Racional é Afetado

O sistema de recompensa do cérebro foi projetado para nos motivar a repetir comportamentos essenciais. No contexto espiritual, a paz e a alegria que sentimos durante a oração e o louvor são uma recompensa biológica que nos motiva a buscar a Deus. O problema, porém, surge quando o foco se desloca da busca por Deus para a busca pelas sensações de prazer que essa busca gera.

  • O Culto Racional em Risco: Quando o sistema de recompensa é ativado de forma desregulada no contexto religioso, o culto racional é afetado. O foco se desloca da fé para a emoção, e a pessoa passa a buscar apenas experiências religiosas que a façam sentir bem, com a verdade da mensagem tornando-se secundária em relação à intensidade da emoção.

  • O Vício Espiritual: A ativação desregulada do sistema de recompensa pode levar a uma desensibilização, onde a pessoa busca picos de prazer cada vez maiores. A fé passa a ser um refúgio para o prazer instantâneo, e não uma jornada de crescimento e transformação. A adoração se torna um meio para um fim pessoal, em vez de um fim em si mesma.

Conclusão e Apelo

A história bíblica de Davi e as duas tentativas de levar a arca da aliança nos ilustram a importância de seguir as instruções divinas. Na primeira tentativa, consultou os líderes, utilizou uma variedade de instrumentos, inclusive tamboris (1 Crônicas 13:8), e o resultado foi o fracasso. No fim de três meses, Davi "dispensou agora cuidadosa atenção à execução das instruções do Senhor, em cada detalhe" (Patriarcas e Profetas, p. 706). Na segunda tentativa, ele seguiu as instruções divinas. A arca foi transportada pelos levitas, os únicos autorizados, e os tambores foram retirados. O resultado foi o sucesso. Os instrumentos que Deus instruiu para o templo foram os címbalos e as harpas, porque "este mandado veio do Senhor" (II Crônicas 29:25).

A filosofia adventista em relação à música é clara: devemos evitar melodias que se relacionem com gêneros musicais questionáveis, como jazz, rock ou formas híbridas. As músicas impróprias "estimulam a dança, ou que tenham no ritmo o elemento predominante".

Irmãos, amigos, Deus nos chama a distinguir entre o santo e o profano (Ezequiel 44:23). Ele nos convida a retornar ao padrão bíblico, oferecendo-lhe uma música pura, que fortaleça a fé, eduque o caráter e prepare-nos para o Céu. “Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios.” (I Coríntios 10:21). Que possamos remover de nossa vida e de nossa igreja tudo aquilo que, mesmo com boa intenção, não tem a Sua aprovação.

"Não removas os antigos limites que teus pais fizeram." (Provérbios 22:28). Sejamos cristãos decididos, de todo o coração, e ponhamos em prática a verdade que Deus nos deu, andando no caminho que Ele nos mostrou, sem nos desviarmos nem para a direita nem para a esquerda.

Chamada para Ação

Se a mensagem de hoje ressoou em seu coração, saiba que ela é um convite de Deus para uma adoração mais pura e intencional. A música é um dom, e como tal, deve ser usada para a glória do Senhor.

  • Deseja saber mais sobre à música?

  • Comente abaixo sua opinião e o que você pensa sobre a percussão na adoração.

  • Compartilhe com amigos e familiares que podem se beneficiar desta reflexão.

Lembre-se, o nosso culto racional é um sacrifício vivo em resposta ao amor de Deus. Que possamos sempre honrá-Lo em espírito e em verdade.


Referências Utilizadas

  • Bíblia Sagrada (Salmos, Romanos, Crônicas, Amós, Ezequiel, I Coríntios, Provérbios, Isaías)

  • White, Ellen G. Mensagens Escolhidas, vol. 2. Casa Publicadora Brasileira.

  • White, Ellen G. Mensagens Escolhidas, vol. 3. Casa Publicadora Brasileira.

  • White, Ellen G. Patriarcas e Profetas. Casa Publicadora Brasileira.

  • White, Ellen G. Evangelismo. Casa Publicadora Brasileira.

  • White, Ellen G. Mensagens aos Jovens. Casa Publicadora Brasileira.

  • White, Ellen G. Conselhos Para a Igreja. Casa Publicadora Brasileira.

  • White, Ellen G. Testemunhos Para a Igreja, vol. 6. Casa Publicadora Brasileira.

  • Manual da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Casa Publicadora Brasileira.

  • Leandro Dalla -  A Música no Tempo do Fim.

  • Outros autores (pesquisadores, doutores, músicos, escritores).


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